Olho do rei
No meu quarto há uma janela, atrás da janela há um muro. Atrás do muro há uma árvore com folhas verdes claras e escuras e outras mescladas de marrom, pontiagudas e ou envergadas.
Mais adiante há uma praça, onde mora um Rei, que empunha uma espada toda bordada com filigranas d’ouro, que traz folhas no seu escudo, mas que traz o seu corpo desnudo.
Todos que por ali passam prestam-lhe singela reverência. Com a cabeça cabisbaixa sem sequer um soslaio que desonrasse ao Soberano Monarca. Alguns dizem que ele é assustador de se olhar, que tem a face transfigurada, os olhos arrancados e duas pedras em seu lugar, outros que ele é austero e belo que seus olhos são como duas safiras, dois lagos azuis represados a face e quem os fitassem, mesmo que por um segundo, ficaria preso a eles sem nunca mais voltar. Então pelo sim ou pelo não, o melhor mesmo era não olhar.
Um dia de labor comum a semana, o sol alto a pino do dia, os meninos e meninas estão nas escolas. As meninas tecem longas tranças. Os meninos dobram por seis vezes... os seus papeis e têm seus barcos e chapéus...
Uma borboleta amarela a balouçar beija a fronte do asfalto e eu não sei, por qual motivo, há um sorriso...Nos lábios do Rei...
Andréia Reis